SILVIA LUIZA SIMÕES PASSOS[1]
(coautora)
RESUMO: O cooperativismo financeiro consolidou-se como uma alternativa inclusiva, democrática e sustentável aos modelos tradicionais de intermediação financeira. Este artigo analisa como produtos financeiros cooperativos — cartões, seguros, linhas de crédito, soluções digitais, investimentos e consórcios — contribuem para o desenvolvimento econômico e social de empreendedores, produtores rurais, pessoas físicas e empresas, fortalecendo também comunidades onde as cooperativas estão inseridas. Com base em revisão de literatura e análise conceitual, demonstra-se que as cooperativas de crédito oferecem condições mais acessíveis, reinvestimento local e participação democrática. Esses elementos tornam os produtos financeiros cooperativos instrumentos de transformação econômica e social, promovendo modelos mais justos, solidários e sustentáveis de desenvolvimento regional.
Palavras-chave: cooperativismo financeiro; desenvolvimento local; crédito; inclusão financeira; produtos cooperativos.
ABSTRACT: Financial cooperativism has consolidated itself as an inclusive, democratic, and sustainable alternative to traditional financial intermediation models. This article examines how cooperative financial products — cards, insurance, credit lines, digital solutions, investments, and consortiums — contribute to the economic and social development of entrepreneurs, rural producers, individuals, and businesses, while also strengthening the communities in which cooperatives operate. Based on literature review and conceptual analysis, it is shown that credit cooperatives provide more accessible conditions, local reinvestment and democratic participation. These elements make cooperative financial products instruments of economic and social transformation, contributing to fairer, more supportive and sustainable development models.
Keywords: financial cooperatives; local development; credit; financial inclusion; cooperative products.
1. INTRODUÇÃO
O cooperativismo financeiro expandiu sua relevância no cenário econômico brasileiro ao se consolidar como um modelo capaz de integrar inclusão, participação democrática e desenvolvimento sustentável. Cresce não apenas em números, mas em impacto social e econômico, sobretudo em regiões com acesso limitado aos serviços financeiros tradicionais.
As cooperativas de crédito disponibilizam produtos e serviços que fortalecem negócios, ampliam a circulação econômica local e impulsionam a autonomia financeira dos associados. Ao oferecerem soluções estruturadas a partir das demandas reais dos membros, promovem inclusão financeira, reduzem desigualdades regionais e fomentam atividades produtivas.
O presente artigo tem como objetivo analisar como produtos financeiros cooperativos — tais como cartões, seguros, linhas de crédito, soluções digitais e investimentos — funcionam como instrumentos estratégicos no desenvolvimento econômico e social de empreendedores, produtores rurais e pequenas e médias empresas. Busca-se demonstrar seu papel transformador, especialmente em territórios com baixa presença de instituições financeiras tradicionais.
2. REFERENCIAL TEÓRICO: FUNDAMENTOS DO COOPERATIVISMO FINANCEIRO
O cooperativismo financeiro baseia-se nos princípios de adesão livre, gestão democrática, participação econômica dos membros, autonomia e educação cooperativista. Nas cooperativas, cada usuário é simultaneamente cliente e proprietário, o que fortalece o vínculo institucional, eleva o senso de pertencimento e estimula participação ativa (Silva, 2021).
Schneider (2018) destaca que as cooperativas de crédito reduzem a assimetria entre instituição e usuário, criando relações mais equilibradas e alinhadas entre objetivos econômicos e sociais. Isso contrasta com o modelo bancário tradicional, cuja lógica é centrada na maximização do lucro e na relação estritamente comercial.
A literatura aponta que atender às expectativas dos associados é fundamental para a sustentabilidade do modelo cooperativo. A falta de adequação entre produtos e necessidades locais pode reduzir participação, enfraquecer a governança e comprometer receitas (Nascimento, 2020; Pinho, 2004).
Sob essa perspectiva, o cooperativismo financeiro é compreendido não apenas como um sistema de serviços financeiros, mas como um modelo de desenvolvimento socioeconômico organizado de forma coletiva e participativa.
3. PRODUTOS FINANCEIROS COOPERATIVOS
Os produtos financeiros cooperativos diferenciam-se não apenas por suas características técnicas, mas por seu propósito: promover desenvolvimento local, inclusão e fortalecimento comunitário. De acordo com Bialoskorski Neto (2012), são soluções estruturadas com foco no território e nas necessidades dos associados.
Para fins de clareza, esta seção foi reorganizada em subitens.
3.1 Crédito Cooperativo
O crédito cooperativo é caracterizado por:
a) taxas mais acessíveis;
b) prazos ajustados à realidade dos associados;
c) análise de crédito pautada no contexto socioeconômico local;
d) foco no desenvolvimento produtivo, e não na maximização de lucro (Rodrigues, 2007).
Esse modelo viabiliza capital de giro, investimentos de longo prazo, aquisição de equipamentos e expansão de negócios, contribuindo para a geração de renda e o fortalecimento das cadeias produtivas.
3.2 Cartões Cooperativos
Os cartões cooperativos ampliam o acesso a meios de pagamento modernos, reduzem custos e incentivam a circulação interna de renda. Em muitos casos, estão integrados a programas que fortalecem o comércio local e promovem fidelização comunitária (Benato, 2022).
3.3 Seguros Cooperativos
Baseados na mutualidade, os seguros cooperativos oferecem:
a) proteção acessível para famílias e negócios;
b) cobertura personalizada aos riscos locais;
c) menor custo para grupos historicamente excluídos de seguros privados.
Esse modelo compartilha riscos coletivamente, fortalecendo a segurança econômica dos associados.
3.4 Investimentos
As modalidades de investimento das cooperativas:
a) permitem rentabilização dos recursos dos associados;
b) fortalecem o capital institucional;
c) geram sobras distribuídas proporcionalmente.
Assim, o investimento retorna para o associado e também fortalece a cooperativa, criando um ciclo virtuoso de desenvolvimento.
3.5 Soluções Digitais
As soluções digitais das cooperativas incluem:
a) aplicativos financeiros;
b) plataformas de pagamento;
c) ferramentas de gestão empresarial;
d) atendimento remoto.
Segundo Frós (2020), a digitalização no cooperativismo mantém proximidade e personalização, ao mesmo tempo em que promove inclusão financeira em regiões remotas.
4. IMPACTOS SOCIAIS E COMUNITÁRIOS
As soluções cooperativas geram impactos sociais expressivos, ampliando oportunidades e fortalecendo vínculos comunitários.
4.1 Inclusão Financeira
As cooperativas permitem que microempreendedores, produtores rurais e pequenas empresas acessem crédito, meios de pagamento e serviços essenciais ao desenvolvimento econômico, reduzindo desigualdades históricas (Silva, 2021).
4.2 Fortalecimento do Capital Social
A participação democrática em assembleias e decisões estratégicas produz:
a) maior engajamento;
b) senso de pertencimento;
c) práticas de governança local;
d) cultura de cooperação.
4.3 Desenvolvimento Territorial
O reinvestimento das sobras em ações sociais, culturais, ambientais e educacionais fortalece comunidades e amplia a qualidade de vida (Meinen, 2014).
4.4 Estímulo ao Empreendedorismo
As cooperativas oferecem crédito acessível, orientação, seguros a preços justos e soluções digitais, fortalecendo pequenos negócios, diversificando economias locais e gerando empregos.
5. METODOLOGIA
Este estudo utilizou pesquisa bibliográfica composta por artigos científicos, livros, legislação e referências tradicionais sobre cooperativismo. Adotou-se o método dedutivo, considerando fundamentos teóricos e conceituais relevantes (Severino, 2007). A metodologia visa estruturar reflexões que possam contribuir para o entendimento do impacto dos produtos cooperativos no desenvolvimento territorial.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os produtos financeiros cooperativos constituem ferramentas robustas de fortalecimento econômico e social. A lógica participativa, a inclusão financeira, o reinvestimento local e a natureza solidária dos serviços criam um ambiente propício para o desenvolvimento sustentável.
As cooperativas impulsionam pequenos negócios, ampliam o acesso a crédito e ferramentas digitais, fortalecem redes de cooperação, promovem educação financeira e contribuem para a geração de renda e de oportunidades econômicas.
Conclui-se que o cooperativismo financeiro é uma estratégia central para a construção de economias mais inclusivas, resilientes e orientadas ao bem-estar coletivo, configurando-se como um modelo poderoso de transformação territorial.
REFERÊNCIAS
BENATO, Alcenor. Guia do cooperativismo de crédito. Porto Alegre, Sagra Luzzatto, 2022.
BIALOSKORSKI NETO, S. Cooperativas de crédito: governança, desempenho e desenvolvimento local. São Paulo: Atlas, 2012.
BRIGHAM, E. F. Fundamentos da moderna administração financeira. 3. ed. São Paulo: Campus, 2016.
FRÓS, Fernando Rio. Cooperativismo como alternativa de mudança. Rio de Janeiro: Forense, 2020
GANNAN, P. Financial Inclusion and Local Development. Londres: Routledge, 2019.
MEINEN, Ênio. Cooperativismo financeiro: percurso histórico, perspectivas e desafios. Brasília: Confebras, 2014.
NASCIMENTO, Fernando Rios do. Cooperativismo como alternativa de mudança: uma abordagem normativa. Rio de Janeiro, Forense, 2020.
PINHO, D. B. Cooperativismo: Princípios e Práticas. Rio de Janeiro: FGV, 2004.
RODRIGUES, R. Gestão cooperativa. Vol. 7, N.º OCEMG, v1, Set. 2007.
SCHNEIDER, J. O. Economia solidária e cooperativismo financeiro. Porto Alegre: UFRGS, 2018.
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23. ed., rev. e atual. São Paulo: Cortez, 2007.
SILVA, L. R. da. Inclusão Financeira no Brasil: Desafios e Perspectivas. Brasília: Ipea, 2021.
[1] Cirurgiã Dentista-Universidade Federal do Amazonas-Especialista em Odontologia - Saúde Publica - Universidade Federal do Amazonas-Especialista MBA em Administração Hospitalar e Gestão de Serviços de Saúde - Universidade Nilton Lins-Especialista MBA em Gestão de Cooperativas - Faculdades Integradas de Taquara-Mestra em Clínicas Odontológicas-Centro de Ensino e Pesquisa de Pós Graduação do Norte-Professora Universitária- Coordenadora do Curso de Odontologia Hospitalar-Membro da Academia de Literatura, Arte e Cultura da Amazônia (ALACA)-Ex- Diretora Administrativa do sicoob Uniam- silvialuizaasimoes@hotmail.com
Graduado em Administração de Empresas, possui MBA em Marketing e Vendas e é pós-graduado em Finanças, Investimentos e Banking pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC- RS). Exerce a função de Superintendente de Negócios do Sicoob UniCentro Norte Brasileiro, sendo o responsável pela gestão estratégica do Estado do Amazonas- euripedes.ribeiro7@gmail.com
Conforme a NBR 6023:2000 da Associacao Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto cientifico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma: JUNIOR, Euripedes Ribeiro. Soluções que transformam: o poder dos produtos financeiros cooperativos no desenvolvimento de negócios e comunidades Conteudo Juridico, Brasilia-DF: 19 dez 2025, 04:12. Disponivel em: https://conteudojuridico.com.br/consulta/artigos/69926/solues-que-transformam-o-poder-dos-produtos-financeiros-cooperativos-no-desenvolvimento-de-negcios-e-comunidades. Acesso em: 19 dez 2025.
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